sábado, 28 de fevereiro de 2015

Crítica: Johnny e June, de James Mangold

Johnny e June é um filme mediano, que mesmo trazendo um roteiro extremamente problemático, acaba valendo a pena pela sua direção e o talento de seus atores.

Começando com uma breve passagem pela infância de Johnny Cash (Joaquin Phoenix), o longa logo em seguida já pula para a adolescência do personagem, o acompanhando em sua ascensão à fama, o seu relacionamento com June Carter (Reese Witherspoon), e, posteriormente, sua luta contra as drogas.

O primeiro dos vários erros do roteiro escrito por James Mangold e Gill Dennis, é a construção do pai de Johnny, que se mostra uma figura extremamente unidimensional, que durante toda a projeção apenas profere crítica e insultos ao filho, soando muito mais repetitivo e artificial do que autoritário.

A ascensão do protagonista também é retratada de maneira falha, já que em nenhum momento fica claro o que ele fez para se diferenciar tanto e tão rapidamente. O relacionamento com a primeira esposa também é construído de maneira artificial, mas pelo menos funciona como obstáculo dramático para o relacionamento de Johnny com June.


E é exatamente aí que o filme encontra o seu ponto forte. O relacionamento dos dois protagonistas funciona muito bem, e acaba por sustentar o filme e até disfarçar levemente os erros citados acima.

June surge como uma figura carismática, reforçada pela ótima performance de Reese Witherspoon, e seu interesse por Johnny (e vice-versa) e plausível, e o roteiro finalmente acerta por se apoiar nesse romance, evitando uma narrativa unicamente episódica, que só interessaria os fãs que já conhecem a história do cantor.

Joaquin Phoenix também se destaca, tanto ao representar os vícios do personagem, quanto nas cenas de apresentações, e graças ao seu excelente trabalho, Johnny Cash não apenas agrada os seus já conquistados fãs, como se transforma em um personagem real e carismático.

A direção James Mangold acerta não apenas da direção de atores, como também cria cenas de shows empolgantes e enérgicas, utilizando músicas já conhecidas do cantor em prol da narrativa e não apenas para agradar os ouvidos.


Deixando um pouco a desejar em seu designe de produção, que perde a oportunidade de criar um visual marcante em sua reconstrução de época, Johnny e June acaba sendo um filme com vários defeitos, mas com interessantes qualidades, que consegue agradar – ainda que levemente – tantos os fã quanto os não conhecedores de Johnny Cash. E mesmo que as músicas e as atuações se mostrem mais interessantes do que a história em si, pelo menos o diretor tem consciência disso e consegue explorar ao máximo o potencial da obra – mesmo que este seja pequeno.
O. K.

João Vitor, 28 de Fevereiro de 2015

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