quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Lista: Filmes Vistos em Dezembro

A lista a seguir reúne os filmes que eu vi durante o mês de Dezembro, com um breve comentário sobre cada um deles, além de uma nota de 1 a 5 para cada um.

Chatô, o Rei do Brasil – Guilherme Fontes: Toda a reconstrução de atmosfera de época é muito bem realizada, desde a direção de arte até a trilha sonora, e a atuação de Marco Ricca, ainda que um pouco exagerada em alguns momentos, também agrada. Mas o filme não consegue estabelecer uma conexão com o espectador, criando uma narrativa fria e desinteressante, o que acaba atrapalhando bastante a experiência. Nota: 3/5

Assassinato! – Alfred Hitchcock: O roteiro é um pouco mais arrastado do que deveria e o filme como um todo está longe de ser um dos melhores do Hitchcock (não é nem mesmo um dos melhores de sua fase britânica), mas também tem suas qualidades: a direção como sempre é ótima, o final também é muito bom, e mesmo que um pouco lento, o filme consegue aqui e ali criar algumas sequências um pouco mais interessantes. Nota: 4/5

As Aventuras de Robin Hood – Michael Curtiz e William Keighley: Uma história já bem conhecida e longe de ser inovadora, mas muito bem contada, em um filme que em nenhum momento se leva mais a sério do que o necessário, e consegue ser bem agradável e simpático. Nota: 4/5

Cortina Rasgada – Alfred Hitchcock: Acho que este filme é bem subestimado. Está longe de ser um dos melhores do Hitchcock, mas também tem suas qualidades únicas, sendo talvez o trabalho mais político do diretor, além de trazer um de seus momentos mais inspirados (aquele que envolve um assassinato silencioso). Nota: 4/5

Maria Antonieta – Sofia Coppola: O roteiro não é perfeito, mas o estilo da Sofia Coppola serviu ao filme como uma luva, contando com uma atuação inspirada de Kirsten Dunst, e fazendo um uso muito peculiar da trilha sonora, criando uma narrativa única e marcante. Nota: 4/5

A Noite dos Mortos-Vivos – Tom Savini: Assim como a versão original, trata-se de um filme muito bom, principalmente para quem gosta é fã do gênero. O lado do terror nesta versão é um pouco mais forte, mas o drama humano também funciona. Acaba não sendo tão inovador, mas é muito bem realizado. Nota: 4/5

No Coração do Mar – Ron Howard: Ron Howard nunca fui um diretor muito original ou inovador, mas sempre manteve uma invejável regularidade em sua carreira (apesar de alguns eventuais tropeços, como "O Código da Vinci), e "No Coração do Mar" é mais um filme seu que é muito bacana, sendo particularmente interessante notar sua preocupação estética (coisa que até antes de "Rush" não era uma de suas prioridades). Além disso, as sequências de ação também são muito bem orquestradas - destaque para a primeira caça à baleias. Nota: 4/5

Meu País – Andre Ristum: Não é particularmente inovador, mas se trata de uma drama familiar sensível e muito bem realizado. Nota: 4/5

Acusados – Jonathan Kaplan: Ótimo filme, principalmente para quem gosta de drama de tribunal, sendo ainda também um interessante e inevitavelmente triste retrato de uma sociedade completamente machista, que acha normal chegar ao cúmulo de culpar uma vítima de estupro. Igualmente triste é pensar que quase 30 anos se passaram e pouca coisa mudou... Nota: 4/5

Amy – Asif Kapadia: Ainda que não alcance a profundidade que almeja, pelo menos consegue utilizar muito bem as músicas da cantora de modo a criar uma narrativa melancólica para retratar uma carreira rica, mas que sempre pareceu fadada à destruição. Nota: 4/5

Star Wars: Uma Nova Esperança – George Lucas: Não tenho dúvidas de que mesmo se não existissem as continuações, este filme iria se transformar em um clássico. Trata-se de um filme redondinho, que mesmo que tenha seus diálogos expositivos demais, traz personagens absolutamente carismáticos, em um universo imaginativo e fascinante. Nota: 5/5

Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal – Steven Spielberg: É um filme bem realizado, mas só porque Spielberg é um bom realizador. As sequências de ação são muito bem conduzidas (ainda que o excesso de computação gráfica incomode bastante), e o protagonista é carismático e único. Mas a trama é consideravelmente mais desinteressante do que as da trilogia original, e o roteiro falha ao tentar adicional um drama familiar, que soa desajustado e sem foco. Além disso, é lamentável ver talentos como Cate Blanchett e John Hurt interpretando caricaturas puras. Nota: 3/5

Falsa Loura – Carlos Reichenbach: Pena este filme ser tão pouco conhecido. Trata-se de um interessantíssimo estudo de personagem, em um roteiro que até tem seus diálogos mais artificiais, mas se sustenta pelos seu drama humano e seus conflitos. Nota: 4/5

Dossiê Jango – Paulo Henrique Fontenelle: Paulo Henrique Fontenelle consegue criar um interessantíssimo clima de conspiração, ao mesmo tempo em que apresenta suas ideias com calma, sem nunca soar panfletário ou exagerado. Nota: 4/5

Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado – Tim Story: Difícil dizer qual é pior: este ou seu antecessor. Ambos são filmes que beiram o fracasso total, com roteiros clichês, recheado de personagens rasos e alívios cômicos falhos, além de estarem nas mão de um diretor que não tem a mínima ideia do que está fazendo. Nota: 2/5

Olhos da Justiça – Billy Ray: Por mais que o filme argentino seja perfeito, e consequentemente não precise de refilmagem, eu tinha uma pontadinha de esperança ao ir ver este filme. Esperança que já foi completamente destruída nos minutos inicias, ao perceber que o diretor não era capaz nem de filmar um diálogo de maneira levemente interessante. É claro que a força da trama original acaba dando um gás pro filme (principalmente para seu desfecho, que nem o péssimo diretor foi capaz de estragar), mas o problema é que o filme não tem personalidade, a dinâmica entre os personagens não funciona, e ele faz questão de ficar se comparando ao filme argentino (como ao iniciar a cena passada no estádio exatamente da mesma maneira), o que acaba só escancarando ainda mais suas fragilidades e seus defeitos. Nota: 2/5

O Baile dos Bombeiros – Miloš Forman: Tem algumas piadas inegavelmente bem pensadas e críticas, mas devo confessar que não me envolvi nem um pouco e não consegui me divertir. Nota: 3/5

Star Wars: O Império Contra-Ataca – Irvin Kershner: Excelente, o melhor da série. Traz todos os elementos interessantes do primeiro filme, e ainda adiciona identidade própria. A trilha sonora melhora (é aqui que a "Marcha Imperial" é tocada pela primeira vez), os personagens novos funcionam muito bem (destaque para Yoda e Lando) e os antigos continuam carismáticos. O roteiro até tem alguns diálogos mais expositivos, mas isso fica bem menos evidente, até porque a força dramática da trama também se intensifica (como esquecer a cena da "grande revelação"). Nota: 5/5

Um Lugar Qualquer – Sofia Coppola: Muito bom, utiliza de maneira cuidadosa a trilha sonora para criar uma narrativa sensível e com um toque muito bem dosado de melancolia. Nota: 4/5

Um Barco e Nove Destinos – Alfred Hitchcock: É bem dirigido, e os personagens também tem suas forças, mas devo confessar que me decepcionei um pouco, pois se tratando de um filme do Hitchcock me pareceu bem arrastado. Nota: 3/5

A Conversação – Francis Ford Coppola: Filmaço, vendo uma segunda vez fica ainda melhor. É impressionante como o Coppola empurra o espectador para dentro da mente atormentada e confusa do protagonista (aliás, que interpretação do Gene Hackman!), mantendo um constante clima de tensão e conspiração, funcionando ainda como um fascinante estudo de personagem.
"Harry Caul é o microcosmo dos Estados Unidos naquele período: não é mau, procura cumprir sua tarefa, é perseguido pela consciência culpada e acha indigno seu trabalho."
- Roger Ebert. Nota: 5/5

Além da Escuridão – Star Trek – J. J. Abrams: É bom, mas acho que deixou um pouco a desejar em relação ao seu antecessor, principalmente por se passar em locações mais limitadas, e assim ficar incapaz de criar um visual tão marcante quanto o primeiro. Mas a dinâmica entre os personagens funciona (mas mais uma vez, não tão bem quanto o anterior), o vilão é ameaçador, as sequências de ação são interessantes e a trama política também é muito boa, sem chamar demais a atenção para si. Nota: 4/5

Tangerina – Sean Baker: É um filme bem divertido e bem realizado, e com uma fotografia incrível, principalmente levando em consideração que ele foi gravado com um iPhone. Nota: 3/5

O Mestre – Paul Thomas Anderson: Já havia comentado sobre ele em Junho. Link aqui.

Platoon – Oliver Stone: O filme não abre mão de uma visão nacionalista, mas pelo menos admite os horrores praticados pelos soldados americanos, e não mostra os inimigos como monstros desumanos. Mas acima de tudo, a força do filme está mesmo na maneira como ele retrata o corrompimento do protagonista, no início idealista, e acaba servindo como um retrato de como a guerra é sem sentido e afeta de maneira irreversível a sanidade dos soldados. De modo geral, achei excelente. Nota: 5/5

O Menino do Pijama Listrado – Mark Herman: Não deixa de ser uma visão bem romantizada do Holocausto, mas sua força dramática funciona, e por mais que seja um pouco teatral, consegue emocionar e passar o terror vivido nos campos de concentração de maneira respeitosa e eficiente. Nota: 4/5

Star Wars: O Retorno de Jedi – Richard Marquand: É um pouco mais fraco do que seus antecessores, mas ainda é ótimo, e encerra de maneira muito competente a trilogia. A trama em si deixa a desejar (é basicamente a mesma coisa do primeiro filme, mas sem a ventagem de ser original: o Império está construindo uma Estrela da Morte e a Rebelião está tentando destruí-la), mas a complexidade dramática adicionada no fim do filme anterior dá uma incrível força para este capítulo final, e isso somado ao final, que mesmo previsível consegue alcançar o impacto dramático desejado, fazem do filme uma obra diferenciada, e finaliza uma excelente trilogia. Nota: 4/5

Madrugada dos Mortos – Zack Snyder: É interessante perceber que os realizadores tinham total consciência de que o filme seria criticado por muito só pelo fato de ser o remake de um clássico, mas mesmo assim, isso não os impediu de fazer um trabalho extremamente original e competente, que prende o espetador até, literalmente, o fim de seus créditos. Nota: 4/5

Os Brutos Também Amam – George Stevens: Acho que faltou um "charme" a mais que normalmente diferenciam westerns clássicos (como em "Rastros de Ódio" e "Onde Começa o Inferno"), mas ainda é um ótimo filme, que desenvolve com carinho seus personagens e traz uma marcante cena final. Nota: 4/5

O Monstro do Ártico – Howard Hawks e Christian Nyby: É eficaz ao manter um contante clima de tensão, ainda que a superficialidade dos personagens incomode um pouco. Nota: 4/5

Minha Vida Sem Mim – Isabel Coixet: Consegue ser sensível sem soar melodramático, além ser de extremamente depressivo e melancólico, e trazer uma atuação central impecável. Nota: 4/5

Star Wars: O Despertar da Força – J. J. Abrams: Pela primeira vez fui ver um filme no cinema duas vezes seguidas, não porque não entendi ou precisava formar opinião sobre algum detalhe, mas sim por pura diversão! Para alguém que já é fã de Star Wars há muito tempo, mas não teve a oportunidade de acompanhar os lançamentos no cinema, poder ir para a sessão sem saber o que esperar já é por si só uma experiência única e inesquecível.
Em relação ao filme em si, adorei a maneira como ele homenageia a saga (principalmente pelo modo como reapresenta os elementos clássicos – desde a Millenium Falcon até os personagens), mas ao mesmo tempo traz características próprias (destaque para a direção de J. J. Abrams, que não só conseguiu colocar sua cara no filme –desde os flares até a maneira mais virtuosa como ele filma ação – como também utilizou de maneira nostálgica algumas características já marcantes, como os temas da trilha sonora e as batalhas de lasers).
Os personagens também funcionam, desde os antigos (destaque para a atuação inspiradíssima de Harrison Ford, que se mostra confortável de uma maneira que eu não via há muito tempo) até os novos (gosto particularmente da maneira com que o filme traz a diversidade sem se vangloriar ou chamar a atenção para o fato – vejam como não há uma só menção ao fato do Finn ser negro, pois afinal, não faz diferença – coisa que muitos filmes parecem não entender).
Não, o filme não é absolutamente original, e sim, ele recicla várias ideias dos filmes anteriores, mas se você for analisar a trilogia original, perceberá que, apesar de algumas surpresas, a estrutura geral da trama é bem simples e previsível (uma clássica Jornada do Herói). E isso nunca foi um problema, pois o que sempre diferenciou Star Wars, e transformou a franquia em ícone, foi seu universo fascinante e seus personagens carismáticos.
Vale a pena chamar a atenção também para o uso de efeitos práticos: uso de maquiagem no lugar de computação gráfica (embora haja algumas exceções) e filmagem em locação sempre que possível, para evitar o uso exagerado de green screen (que aliás, foi um dos principais motivos pelo qual a trilogia nova tenha sido tão mais fraca).
Enfim, acho que este filme fez sozinho tudo o que os três anteriores tinham tentado em vão: modernizou a franquia conseguindo trazer novos seguidores e agradar os antigos. Como fã do J. J. Abrams (gosto de todos os seus filmes e adoro Lost – apesar dos pesares, rsrs) e fã de Star Wars, este era o filme que eu queria ver. Nota: 4/5

A Estrada – John Hillcoat: Acerta por não focar no universo pós-apocalítico (que, aliás, é bem lugar-comum), e deixar o destaque por conta dos personagens, construindo uma narrativa única e triste, que consegue envolver o espectador em seus dilemas e medos. Nota: 4/5

Star Wars: O Despertar da Força – J. J. Abrams: Comentário acima.

Deixe-me Entrar – Matt Reeves: Crítica completa aqui.

Sucker Punch – Mundo Real – Zack Snyder: Extremamente episódico, tentando em vão passar uma profundidade inexistente, e usando a trilha sonora para tentar disfarçar sua falta de criatividade. Estou até agora tentando entender se isto era pra ser Cinema, Vídeo-Game ou Videoclipe. Nota: 2/5

Antes Que o Diabo Saiba Que Você Está Morto – Sidney Lumet: Filmaço, que maneira exemplar do Sidney Lumet se despedir! Adoro como o filme surpreende a cada momento, com um roteiro redondinho, recheado de personagens complexos e rimas temáticas (gosto particularmente de como a primeira cena acaba sendo recriada em uma situação diferente no terceiro ato, e como a última ação do pai de certa forma conversa com uma decisão que ele havia tomado anteriormente em relação à sua esposa). Nota: 4/5

Pagando Bem, Que Mal Tem? – Kevin Smith: No começo eu estava achando que ia ser um desastre completo, já que as primeiras piadas são ridiculamente fracas e a história não vai a lugar algum. Mas ao poucos o filme acha o seu tom, e consegue equilibrar muito bem a comédia com o desenvolvimento de seus personagens, sem nunca se levar a sério de mais. 
No geral, eu diverti bem mais do que esperava. Nota: 3/5

Blade Runner – Ridley Scott: Filmaço, fica melhor a cada revisita. A complexidade dramática do filme é fascinante (o que define um ser humano?), mas ela só funciona tão bem devido à abordagem melancólica dada pelo Ridley Scott, e confesso que em vários momentos me peguei com nó na garganta. Nota: 5/5

Galera do Mal – Brian Dannelly: Por mais que eu tenha achado um tanto quanto chatinho, não deixa de ser interessante a visão madura que o filme oferece sobre religião, mostrando que muitas vezes ela serve muito mais para separar do que unir as pessoas, e o mais interessante é que o roteiro também não apela para moralismos ou mensagens motivacionais, deixando o espectador pensar por si próprio. Nota: 3/5

A Lula e a Baleia – Noah Baumbach: Adorei a maneira como o filme nunca perde seu senso de humor particular ao mesmo tempo em que desenvolve seus personagens com um carinho palpável. Nota: 4/5

O Nascimento de Uma Nação – D. W. Griffith: É impossível analisar o filme sem dividi-lo em forma e conteúdo.
Como forma, é perfeito, completamente à frente de seu tempo. Desde as grandiosas tomadas que mostram centenas de combatentes, até a utilização de montagem paralela (algo inédito), é tudo inovador, influente, e continua funcionando até hoje.
Já como conteúdo, a única coisa que se salva é a mensagem anti-guerra, porque além de deixar um pouco a desejar em relação aos personagens, o filme se mostra de um racismo absurdo: no início, se limita a mostrar o Sul escravagista como uma terra linda e onde os escravos eram felizes, o que já seria repulsivo o suficiente, mas ele vai ainda além na segunda parte, e passa a trazer os personagens negros como verdadeiros animais, convencidos de oprimir os brancos de todas as formas possíveis, fazendo com que a Ku Klux Klan surja como uma organização libertadora e honrada. Dessa forma, é impossível não se revoltar com o filme, e quase esquecer suas qualidades (mas que de qualquer maneira, são inegáveis). Nota: 3/5

The Lobster – Yorgos Lanthimos: Crítica completa aqui.

Pina – Wim Wenders: Apesar de não ter gostado, devo admitir que é uma experiência cinematográfica diferente e muito bem realizada. Nota: 3/5

Mamma Mia! – Phyllida Lloyd: Durante boa parte de sua duração, o filme consegue não se levar a sério e até divertir bastante, mas já em sua meia hora final, a paciência se esgota, e tudo o que dava para relevar até então, passa a ser impossível de ignorar (desde a obviedade das coreografias e da fotografia, até o uso excessivo das músicas para tentar esconder sua falta de criatividade), deixando o resultado final bem irregular e fazendo com que os créditos de encerramento sejam recebidos com alívio pelo espectador. Nota: 3/5

O Homem Que Sabia Demais (1956) – Alfred Hitchcock: Mais um filme excelente do Hitchcock. A sequência da orquestra é um verdadeira aula de Cinema. Comparando com a versão de 1934, esta refilmagem demonstra um cuidado muito maior no desenvolvimento dos personagens e na maneira de estabelecer sua trama, que é ao mesmo tempo simples e complexa. 
Como o próprio Hitchcock dizia, a primeira versão foi feita por um amador de talento e a segunda por um profissional. Nota: 5/5

Um Pombo Pousou Num Galho Refletindo Sobre a Existência – Roy Andersson: Você percebe que o filme vai ser um desastre pretensioso quando sua primeira imagem é um letreiro falando que ele vai definir o ser humano como ele realmente é. Nota: 2/5

Amnésia – Cristopher Nolan: Adoro a maneira como a estrutura do filme é montada de modo a não fazer o menor sentido no início, mas aos poucos permite ao espectador ir juntando as peças do quebra-cabeça e tudo vai ficando cada vez mais empolgante. Mas acho que o que o filme tem de mais forte, e neste quesito ele é muito provavelmente o melhor trabalho do Nolan, é sua força dramática no que se refere aos conflitos internos do protagonista, que não apenas funciona muito bem dentro da narrativa, como também vai ficando cada vez mais intrigante cada vez que você pára para pensar sobre. Nota: 5/5

Alta Fidelidade – Stephen Frears: É um bom filme, com um bom e original roteiro, que consegue trazer personagens interessantes e utilizar de maneira criativa a trilha sonora. Nota: 3/5

As Canções – Eduardo Coutinho: No meio de tantos filmes que se dedicam a explorar tudo o que há de mais podre na natureza humana, filmes como os do Coutinho, que simplesmente mostram de maneira sincera como o ser humano pode ser belo, são cada vez mais essenciais. Impossível não se emocionar. Nota: 4/5

Lixo Extraordinário – Lucy Walker, Karen Harley e João Jardim: Belo filme! Me emocionou profundamente em diversos momentos, além de ser inspirador e honesto. Nota: 4/5

A Origem – Cristopher Nolan: Adoro este filme, embora admita que muitos exageram a seu respeito (não, não é um dos melhores da história). Acho que acima de tudo, o mais interessante é como ele parte de uma premissa simples (plantar uma ideia na mente de uma pessoa), e a partir daí desenvolve uma narrativa que não apenas traz conceitos fascinantes e de fácil identificação (afinal, todos sonhamos e somos constantemente surpreendidos pela capacidade do nosso subconsciente), como também cria uma estrutura extremamente complexa, desenvolvendo ao mesmo tempo realidades diferentes, em espaços diferentes, e com tempos diferentes, sem nunca ficar confuso, pelo contrário, quanto mais complexa, mais tensa e empolgante fica a narrativa. Está, sem dúvidas, entre minhas ficções científicas favoritas. Nota: 5/5

Watchmen – Zack Snyder: O filme se rende a alguns clichês do gênero de super-herói, como as situações impossíveis onde dois personagens encurralados derrotam um numero muito maior de inimigos apenas com suas habilidades, e seu vilão megalomaníaco também não deixa de soar lugar comum (embora as consequências de suas ações sejam, sim, interessantes). 
Mas independente de seus probleminhas, o fato é que Watchmen é um filme muito bacana, com uma visão madura sobre a sociedade americana, sequências que utilizam a trilha sonora de maneira memorável (ainda que alguns momentos, como a "Cavalgada das Valquírias", sejam um pouco óbvios) e um visual arrebatador que remete aos quadrinhos de maneira orgânica. 
Como um todo, pode não ser o melhor filme de super-herói de todos os tempos, mas é, sem dúvidas, bem acima da média. Nota: 4/5 

Quase Um Anjo – Bernie – Richard Linklater: Gosto do Richard Linklater e aqui ele imprimi seu senso de humor de maneira leve e divertida, mas a estrutura (intercalando depoimentos estilo documentário e cenas encenadas com os atores de maneira convencional) acaba deixando o resultado final bem irregular, ainda que traga uma performance central memorável de Jack Black. Nota: 3/5

Brooklyn – John Crowley: Gostei bastante do filme. Não é impecável, e na verdade é bem simples, mas também muito competente, conseguindo desenvolver com sensibilidade ímpar sua interessante protagonista. Nota: 4/5

Pânico – Wes Craven: Duas coisas me incomodaram um pouco neste filme: 1) o fato de quase todas as cenas de perseguição fazerem com que os atores pareçam dublês treinados (ninguém normal em uma situação de risco à própria vida iria agir daquela maneira); e 2) a atuação afetada do ator que faz o namorado da protagonista.
Mas tirando isso, o filme é absolutamente perfeito. A direção do Wes Craven consegue criar momentos inesquecíveis de tensão, e o roteiro tem uma metalinguagem brilhante ao trazer não apenas diversas referencias a outros filme (inclusive do próprio diretor), como também brincadeiras com forma e conteúdo, deixando a experiência assustadora, mas até certo ponto engraçada também. Nota: 5/5

Cada Um Vive Como Quer – Bob Rafelson: Belo filme! Encontra sua força em seu fascinante protagonista, que conta com uma das mais inspiradas atuações de Jack Nicholson (e o momento em que este se abre para seu pai entra facilmente entre os melhores de sua invejável carreira). Nota: 5/5

Cosmópolis – David Cronenberg: A abordagem estética do Cronenberg é bacana, e aqui e ali o filme traz umas alegorias que são interessantes (destaque para a cena que traz o protagonista em sua limusine tranquilo enquanto uma mega manifestação ocorre do lado de fora), mas fora isso, o filme beira o desastre, sendo extremamente aborrecido (a meia hora inicial é quase insuportável), e recheado de diálogos que irritam não apenas por serem vazios, como também por soarem intermináveis. Nota: 3/5

Psicose – Alfred Hitchcock: Acho que depois de "Um Corpo Que Cai", este seja meu filme favorito do Hitchcock. Aqui, ele não apenas traz muitos de seus momentos mais inspirados (vide cena do chuveiro e monólogo final), como ainda inclui diversas sutilezas (a protagonista começa vestindo branco, mas passa a vestir preto após roubar seu patrão, e ao se ver ameaçada, troca seu carro preto por um branco, como se pudesse se esconder dentro de uma inocência que não existe mais) que transformam o filme em um clássico indiscutível, que só fica melhor a cada revisita. Nota: 5/5

O Agente da U.N.C.L.E – Guy Ritchie: Eu gosto do estilo do Guy Ritchie, e aqui e ali ele até consegue mostrar um pouco de personalidade (destaque para a escolha de trilha sonora, que conta até com Tom Zé!), mas o filme em si é bem mediano, com um roteiro arrastado, personagens sem química, e uma trama que mesmo sendo ambientada em um período histórico interessante (Guerra Fria), não acrescenta nada de novo ao que todos já viram em dezenas de outros filmes superiores que abordam o mesmo assunto. Nota: 3/5

Campo dos Sonhos – Phil Alden Robinson: Quando o filme decide viram um "road movie" ele perde um pouco de seu fôlego, sendo até um pouco arrastado, mas como um todo compensa muito pelas sequências ambientadas na fazenda de seu protagonista (onde fica o "campo dos sonhos" do título), pois ali o filme conta com uma força dramática admirável, conseguindo, sem nunca soar melodramático, comover imensamente o espectador, e levá-lo aos créditos finais com nó na garganta. Nota: 4/5

Sob o Domínio do Mal – John Frankenheimer: Pela direção fabulosa do Jonathan Demme eu acabo preferindo a refilmagem, mas esta versão original também é ótima, possuindo vários momentos marcante (o clímax deixaria Hitchcock orgulhoso), e funcionando ainda como um retrato de sua época, trazendo de maneira única toda a paranoia presente nos EUA durante a Guerra Fria. Nota: 4/5

Longe do Paraíso – Todd Haynes: É impressionante como o filme começa de maneira discreta, apenas para ir se desenrolando como um dos dramas mais tocantes que eu já vi até hoje. Nota: 5/5

Homem Irracional – Woody Allen: Crítica completa aqui.

Frenesi – Alfred Hitchcock: É triste perceber como que depois de "Os Pássaros" o Hitchcock parece ter perdido seu controle total sobre o ritmo de suas narrativas. Assim como acontecia em "Marnie" e em "Cortina Rasgada", "Frenesi" é um filme que tem elementos interessantes (a cena passada em um caminhão de batatas é magnífica), mas acaba sendo quase aborrecido devido a seu ritmo irregular e desnecessariamente lento. Nota: 3/5

Três Reis – David O. Russell: Os 45 ou 50 minutos inicias são impecáveis, de uma energia pura e contagiante. Mas a partir daí, quando o filme passa a apostar muito mais no roteiro do que na direção, ele perde bastante de sua força, ainda que o resultado final seja nada menos do que muito bom, e dentro de seu gênero, ele funcione perfeitamente bem. Nota: 4/5

Sicario: Terra de Ninguém – Denis Villeneuve: Mais um filmaço do Denis Villeneuve. Com uma constante atmosfera de tensão, o filme funciona ainda como um retrato pessimista, mas também realista, da luta contra as drogas. Nota: 5/5

À Prova de Morte – Quentin Tarantino: Este é provavelmente o filme menos "tarantinesco" do Tarantino, e também o seu trabalho mais fraco (por mais que ainda seja ótimo). Tem algumas cenas que se arrastam demais, principalmente durante a primeira parte, mas como um todo o filme acaba valendo a pena, tanto por suas espetaculares sequências de ação, quanto por sua violência catártica. Nota: 4/5

O Enigma de Outro Mundo – John Carpenter: Assim como a versão original, esta refilmagem mantém um clima de tensão constante durante toda a narrativa, mas além disso, ainda consegue sucesso no que seu antecessor pecava um pouco, que é na capacidade de envolver completamente o espectador, e fazê-lo se importar com os personagens. Nota: 5/5


Caminhos Perigosos – Martin Scorsese: Impressionante como o Scorsese já transbordava personalidade desde o início de carreira. O filme não é perfeito, e em alguns momentos parece até um pouco arrastado, mas traz uma magnífica construção de atmosfera, e aborda de maneira única a culpa católica, que viria a se tornar um de seus temas favoritos em seus futuros trabalhos. Nota: 5/5

Psicose – Gus Van Sant: Não chega a ser ruim (como poderia?), mas é extremamente desnecessário, e ainda tira muitas sutilezas presentes no original (principalmente em relação ao personagem Norman Bates). Nota: 3/5


Os Oito Odiados – Quentin Tarantino: A duração poderia até ser um pouco menos, mas o controle que o Tarantino tem sobre a atmosfera (muitas vezes utilizando apenas diálogos para conseguir o que quer) é admirável, e mantém o espectador grudado da tela a cada segundo, além de ainda trazer suas principais características, como a violência catártica e os momentos musicais marcantes. Nota: 5/5

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