quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Lista: Filmes Vistos em Novembro

A lista a seguir reúne os filmes que eu vi durante o mês de Novembro, com um breve comentário sobre cada um deles, além de uma nota de 1 a 5 para cada um.

Zombie – O Despertar dos Mortos – George A. Romero: Filme admirável. Particularmente, o achei bem melhor que o "Noite dos Mortos Vivos", que o Romero havia feito há alguns anos. 
Aqui o diretor demonstra total controle da narrativa, envolvendo o espectador, fazendo-o se importar com os personagens, e consegue ainda incluir uma crítica muito forte ao consumismo, com um senso de humor único e afinadíssimo. Nota: 5/5
A Colina Escarlate – Guillermo del Toro: A história em si não é nada demais, sendo até um pouco previsível em suas reviravoltas, mas isso acaba nem importando muito, pois ela é contada de uma maneira fascinante. Todo o designe do filme é perfeito, e Guillermo Del Toro consegue dar à narrativa um tom gótico com uma pitada muito precisa de terror, resultando em uma experiência única e marcante. Nota: 4/5

O Pensionista – Alfred Hitchcock: Muito legal ver como o Hitchcock já transbordava personalidade desde o início da carreira, mesmo que ainda lhe faltasse um pouco do domínio completo sobre o público que ele iria demostrar em produções futuras. Nota: 4/5

Chef – Jon Favreau: Não tem nada de inovador ou particularmente marcante, mas é extremamente bem executado e consegue divertir muito e ainda emocionar, ainda que os minutos finais se renda à mais pura previsibilidade. Nota: 3/5

Sherlock Jr. – Buster Keaton: Filme excelente! Funciona como uma linda carta de amor ao Cinema, ao mesmo tempo em que traz sequências brilhantes e inesquecíveis (aquela que envolve uma motocicleta é minha favorita). Só não acho que seja perfeito pois senti um pouco de falta de sensibilidade no drama humano, mas nada de mais. Nota: 5/5

Foi Apenas Um Sonho – Sam Mendes: É um bom filme, mas bem irregular. Em vários momentos dá a impressão de que vai ser um drama de primeira apenas para em seguida ficar aborrecido e arrastado. Como um todo vale a pena, mas é impossível não se decepcionar. Nota: 3/5

O Homem Que Sabia Demais (1934) – Alfred Hitchcock:Mesmo com problemas de ritmo e soando até um pouco "esquisito" em alguns momentos (talvez pela falta quase que completa de trilha sonora), ainda é um filme que vale muito a pena, sendo original e recheado de momentos inspiradíssimos (destaque, obviamente, para a cena da orquestra). Agora fiquei bastante curioso para ver a refilmagem, já que os problemas do filme são claramente derivados da relativa falta de experiência do Hitchcock. Nota: 4/5

Aurora – F. W. Murnau: Que filme lindo. Sem dúvidas, à frente de seu tempo.
A empregada chorando de emoção no final; o casal caminhando abraçado na rua; o homem chorando arrependido enquanto sua mulher o consola; estão todos entre os momentos mais emocionantes que eu já vi em um filme. Nota: 5/5

A Estalagem Maldita – Alfred Hitchcock: Achei bem ruinzinho... confesso que só vi até o fim porque é do Hitchcock, e também porque não tenho o costume de parar filmes no meio. Nota: 2/5

O Marido Era o Culpado – Alfred Hitchcock: Tem ótimas ideias e alguns momentos marcantes (destaque para a cena envolvendo uma bomba e outra mais para o fim que se passa em um jantar), mas não deixa de ser um pouco arrastado e até um pouco entediante. Acho que se o Hitchcock tivesse feito esse filme mais para frente em sua carreira, quando estava mais amadurecido, poderia ter ficado melhor. Nota: 3/5

Um Sonho de Liberdade – Frank Darabont: Não é a toa que já é um clássico, pois não apenas é excelente, com ótimos personagens e interessantes questões sobre os efeitos da prisão no ser humano, como também traz um dos finais mais gratificantes que eu já vi em um filme, tornando-o quase impossível de se não gostar. Nota: 5/5

Olga – Jayme Monjardim: O filme é muito muito fraco. A história real até poderia resultar em algo interessante se não estivesse nas mãos de roteiristas completamente incompetentes e de um diretor que não tem a mínima ideia do que está fazendo. Nota: 2/5

Hot Girls Wanted – Jill Bauer e Ronna Gradus: Achei bem interessante, consegue expor muito bem a realidade de exploração travestida de luxo em que vivem muitas jovens atrizes, ainda que o filme exagere um pouco da exposição, como quando insiste em interromper os depoimentos para incluir letreiros que só servem para dizer o que já estava subentendido. Nota: 3/5

Amores Expressos – Wong Kar-Wai: Lendo aqui algumas críticas percebi que o filme não falou comigo nem metade tão bem quanto com outra pessoas, mas ainda assim o achei interessante. O roteiro tem várias sacadas bacanas, e a direção inquieta do Wong Kar-Wai cai muito bem à proposta da narrativa. Outra coisa interessante é que a trilha sonora é muito bem utilizada, por mais que praticamente se resuma a uma única música. Nota: 3/5

A Aventura – Michelangelo Antonioni: Um filme que é incapaz de provocar emoção alguma durante seus 140 minutos.
De qualquer maneira, deixo um frase bonita do Roger Ebert sobre os personagens (que é um elogio): "They are like bookmarks in life: holding places, but not involved in the story". Nota: 3/5
Vício Inerente – Paul Thomas Anderson: Vendo uma segunda vez o filme fica um pouco mais divertido (a cena do Doc desviando dos policiais é hilária), mas ainda é disparado o mais fraco do Paul Thomas Anderson e incapaz de causar o impacto desejado. Nota: 3/5

Chantagem e Confissão – Alfred Hitchcock: Acho que entre os primeiros filmes ingleses do Hitchcock este seja um dos melhores, e é também o primeiro a trazer quase que todos os elementos que marcariam sua rica carreira. Nota: 4/5

007 Contra Goldfinger – Guy Hamilton: Até agora, dentre os filmes da série protagonizados pelo Sean Connery, este foi o que eu mais gostei. 
A trama é bem mais simples do que as anteriores, mas particularmente achei isso uma vantagem já que em nenhum momento deixa o espectador confuso. Além disso, as sequências de ação são muito bem dosadas, sem nunca ficarem cansativas ou exageradas.
Este é também o primeiro filme a ter uma preocupação maior com o James Bond como personagem, e sua motivação pessoal dá um gás muito interessante ao roteiro. Em relação ao vilão, a única coisa que acho que deixou um pouco a desejar foi a escolha do ator, porque por mais que Gert Fröbe faça um ótimo trabalho, senti um pouco de falta de uma frieza um pouco maior, ainda que isso não seja o suficiente para comprometer o personagem. Nota: 4/5
Batismo de Sangue – Helvecio Ratton: Filmaço. Um dos melhores (provavelmente o melhor) filmes sobre ditadura militar no Brasil. Acerta ao já iniciar adiantando o final trágico, criando assim uma atmosfera de tristeza e melancolia que percorre toda a narrativa, o que é reforçado pela fotografia suja e quase sem cores. 
As atuações também são ótimas, destaque para Caio Blat que conduz o filme com uma sensibilidade tocante, e também para Cássio Gabus Mendes, que foge da caricatura e interpreta Fleury (um dos inúmeros militares que morreram sem pagar pelos seus crimes) de maneira detestável, mas sem nunca soar artificial. Nota: 5/5
Tudo Por Justiça – Scott Cooper: É um bom filme, ainda que irregular. Sua principal força está no talento de seus atores (destaque para Christian Bale) e em sua primeira metade, quando estabelece os personagens e o contexto em que eles vivem de maneira cuidadosa e muito competente. 
Já em sua parte final, quando a narrativa ganha um toque maior de ação e não tanto de drama, o filme cai bastante de qualidade, se sustentando apenas pelas virtudes que já havia estabelecido, mas pelo menos se encerra de maneira acertada e impactante, ainda que previsível, conseguindo levar o espectador satisfeito aos créditos finais. Nota: 3/5
Aliança do Crime – Scott Cooper: Achei bem mediano, ainda que com bastantes qualidades. A maquiagem de Johnny Depp às vezes soa um pouco exagerada demais, mas sua atuação é boa o suficiente para conseguir esconder isso. A direção de Scott Cooper também é competente, conseguindo usar de maneira muito interessante a trilha sonora e a violência para criar sequências marcantes. Mas o principal problema do filme está no roteiro, que peca pelo excesso de personagens (e o fato de ser baseado em uma história real não é desculpa) e também por se arrastar muito mais do que o necessário, deixando a trama muitas vezes desinteressante e desperdiçando seu potencial, que é bem alto. Nota: 3/5

Solaris – Andrei Tarkovski: Confesso que não estava lá muito animado para ver um filme de quase três horas e que tem como uma das principais características conhecidas a lentidão da narrativa, mas depois de tomar coragem... Uau! Fiquei completamente hipnotizado pelo filme, sem desgrudar o olho por um segundo. 
Algumas questões ainda me deixaram um pouco confuso, principalmente em relação ao final, mas isso não me impediu de imergir na trama e aproveitá-la ao máximo.
Acho curioso que tanta gente compare este filme ao 2001 do Kubrick (o que é até compreensível levando em consideração que se tratam de ficções mais reflexivas, e também são sobre viagens espaciais feitas em países antagonistas na corrida espacial), mas na minha visão os dois filmes são quase que opostos. 2001 tem uma visão muito mais "carnal" e racional do Homem e da Evolução, enquanto este Solaris tem uma visão que traz muito mais sobre espiritualidade e crença (e o fato dos EUA serem um "país cristão", enquanto a URSS era um "país ateu" adiciona um ironiazinha interessante às obras). Nota: 5/5
Beasts of No Nation – Cary Joji Fukunaga: É um bom filme, bem dirigido, com uma excelente fotografia e um roteiro redondinho, mas também bem burocrático e que não se permite correr nenhum risco. Nota: 3/5

Jobs – Joshua Michael Stern: Insuportavelmente chato. A história real é até que interessante, mas a maneira como ela é contada é exagerada, artificial e esquecível. Nota: 2/5

Sr. Holmes – Bill Condon: Acerta por apostar muito mais nos personagens do que na trama, contando com a ajuda das excelentes atuações (destaque, é claro, para Ian McKellen) que criam personagens carismáticos e sensíveis, e que fazem da narrativa uma experiência única e tocante. Nota: 4/5

Pacto Sinistro – Alfred Hitchcock: Filmaço! Entra facilmente entre os melhores do Hitchcock, e acho que junto com "A Sombra de Uma Dúvida" seja o que melhor defina seu estilo. 
Além disso, o filme ainda traz duas das melhores sequências já filmadas pelo cineasta, uma envolvendo uma montagem paralela entre um jogo de tênis e um personagem tentando alcançar um objeto no bueiro, e outro envolvendo um carrossel desgovernado. Nota: 5/5
Sob o Domínio do Medo – Rod Lurie: As adaptações para a cultura americana foram bem feitas e orgânicas, e isso somado ao sadismo e a brutalidade do filme original conseguem garantir uma experiência interessante, ainda que o filme seja mal dirigido, quase que incapaz de criar tensão, e não consiga desenvolver seus personagens, fazendo-os soarem aborrecidos e frágeis. Nota: 3/5

O Terceiro Tiro – Alfred Hitchcock: Ainda que não seja espetacular e esteja longe de ser um dos melhores do Hitchcock, é um filme muito divertido, com um humor negro afiadíssimo e que consegue trazer a marca do diretor mesmo que esteja trabalhando em um gênero diferente do habitual. Nota: 4/5

Contatos Imediatos de Terceiro Grau – Steven Spielberg: O comecinho do filme é interessante e sua meia hora final beira o espetacular, e com isso, por mais que sua maior parte seja arrastada e irregular, acaba valendo muito a pena. Nota: 4/5

De Volta Para o Futuro 3 – Robert Zemeckis: Fecha de maneira perfeita a trilogia, mais uma vez recheado de referências, piadas internas, e sequências de ação de tirar o fôlego. Nota: 5/5

Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 2 – Francis Lawrence: Assim como seus antecessores, é recheado de qualidades: a trama política tem muita relevância (ainda que o filme deixe quase que completamente de lado o comentário sobre a "propaganda de guerra", que fortalecia bastante a primeira parte), e a direção de Francis Lawrence dá um toquezinho documental muito bacana, criando momentos marcantes de tensão, ainda que desaponte um pouco na ação.
Mas o filme também tem seus problemas: os segundos finais são dispensáveis, o ritmo se mostra algumas vezes irregular, e a decisão de quebrar uma história em duas partes deixa os roteiros com sérios problemas estruturais.
Ainda assim, é um filme diferenciado, que acaba valendo bastante a pena, e encerra uma série muito acima da média, que conseguiu se manter com uma regularidade de qualidade invejável. Nota: 4/5
Olmo e a Gaivota – Petra Costa: Traz interessantíssimas reflexões sobre o Cinema vs Realidade, em uma narrativa muito bem conduzida e instigante. Não tem aquela sensibilidade que tanto diferenciava "Helena", mas ainda é um ótimo filme. Nota: 4/5

O Homem Errado – Alfred Hitchcock: Dentre os filmes do Hitchcock que tratam de pessoas tentando tentando provar sua improvável inocência, é aqui onde ele mais trabalha o lado dramático da situação, deixando um pouco de lado algumas de suas marcas registradas a fim de criar uma narrativa mais realista e densa, sufocando o espectador nas dores e frustrações de seu protagonista. Filmaço. Nota: 5/5

W. – Oliver Stone: Gostei muito da atuação do Josh Brolin, e as sátiras que o filme faz também são bem dosadas, mas o roteiro trata o Bush como uma verdadeira criança, sem consciência de nada do que faz, só se preocupando em agradar o pai, e mesmo que isso possa não estar muito longe da realidade, o fato é que soa unidimensional e sem criatividade. 
Com isso, o filme desagrada os fãs do presidente por mostrá-lo como um idiota, mas também desagrada seus ferrenhos críticos, ao aliviar com sua imaturidade muitos de seus maiores erros políticos (por exemplo: quando descobrimos no filme que toda a invasão do Iraque foi em vão, já que eles não fabricavam armas de destruição em massa, não sentimos o peso de todas as vidas que foram jogadas fora, só sentimos vontade de rir do presidente pela sua burrice). Nota: 3/5
Intriga Internacional – Alfred Hitchcock: Mais um filmaço do Hitchcock, daqueles que é impossível desgrudar o olho da tela por um segundo. 
Com um clima de filme de espionagem que com certeza influenciou muito a série 007, o filme consegue fazer o drama de seus personagens soar relevante, ao mesmo tempo em que traz sequências brilhantemente orquestradas, tanto pelo seu suspense quanto pela sua ação (destaque para a clássica cena do avião, e para o clímax, que talvez tenha sido a sequência mais empolgante que o Hitchcock já filmou). Nota: 5/5
O Valor de Um Homem – Stéphane Brizé: Está longe se ser ruim, e seus planos constantemente fechados com a câmera sempre na mão conseguem atingir o seu objetivo de incomodar o espectador, deixando-o inquieto e fazendo-o compartilhar o desconforto do protagonista. 
O problema é que o filme é extremamente lugar comum e esquecível, dando a impressão de que é uma história que você já viu mil vezes, além de apelar para um desfecho artificial e frustrante. Nota: 3/5
Desconstruindo Harry – Woody Allen:Sem palavras para descrever o quanto gosto deste filme. Acredito que depois de Match Point seja meu filme favorito do Woody Allen (que por sua vez talvez seja o meu diretor preferido). Mas também acho que é um filme que tem um impacto muito maior para quem já é fã do trabalho dele, pois é basicamente uma reflexão sobre toda a sua carreira, trazendo seus recorrentes questionamentos sobre fé, casamento, traições, relação entre artista e arte, tudo sempre com seu senso de humor característico, e servindo também como uma claríssima homenagem ao clássico Morangos Silvestres (Ingmar Bergman, 1957). Nota: 5/5

Lunar – Duncan Jones: Não sei porque, mas tinha certas reservas em relação a este filme, talvez pela sua premissa clichê e não muito animadora. Mas quando finalmente o assisti, acabei por adorar. 
Devo dizer que me decepcionei um pouquinho com o final (particularmente, esperava algo um pouco mais pessimista), mas é impressionante como Duncan Jones consegue manter o espectador grudado na tela mesmo quando nada de muito interessante está acontecendo, e quando o roteiro finalmente mostra suas cartas, é impossível não se admirar com tanta complexidade dentro de tanta simplicidade. 
O filme nunca parece tentar ser mais do que realmente é, e ao mesmo tempo em que incita o espectador a refletir sobre ele e compartilhar as dores de seu personagem. Nota: 4/5
Django – Sergio Corbucci: Que filmaço, um verdadeiro presente para qualquer um que aprecie um bom western. Além disso, para os fãs de Tarantino o filme ainda tem uma cena que claramente inspirou um dos momentos mais marcantes de "Cães de Aluguel". Nota: 5/5

Marnie, Confissões de Uma Ladra – Alfred Hitchcock: Achei um dos filmes mais mornos do Hitchcock. Não chega a ser ruim (longe disso), mas é bem arrastado e mais longo do que o necessário, com personagens que até têm suas camadas, mas que são bem desinteressantes. Nota: 3/5

Depois da Terra – M. Night Shyamalan: Tem um roteiro absolutamente burocrático, artificial e previsível, e Shyamalan ainda se mostra incapaz de criar uma narrativa sequer divertida, se levando a sério demais e fazendo as sequências de ação soarem cansativas, e apelando para sustos para tentar esconder sua incapacidade de criar tensão. Nota: 2/5

A Sangue Frio – Richard Brooks: Filme excelente, com um ótimo roteiro e uma deslumbrante fotografia. 
Assim como "Bonnie e Clyde" e "A Primeira Noite de um Homem" (ambos também de 1967), serve como um ótimo ponto de partida para o que viria a se tornar a Nova Hollywood a partir dali. Nota: 5/5
Amadeus – Miloš Forman: Acerta por ter como protagonista Salieri ao invés de Mozart, pois se trata de um personagem que funciona muito melhor para o cinema, sendo extremamente amargurado e conflituoso. E nisso a performance de F. Murray Abraham se mostra impecável, não só ao encarnar seu personagem em sua fase mais "jovem", como principalmente em sua fase idosa, onde ele oferece uma das melhores interpretações que eu já vi em um filme, funcionando perfeitamente como um personagem recheado de frustrações e consciente de seus erros, mas ainda atormentado por eles. Nota: 4/5

O Último Mestre do Ar – M. Night Shyamalan: É impressionante como Shyamalan depois de "Sinais" ficou incapaz de fazer um bom trabalho. Aqui ele continua no fundo do poço, com um filme que é incapaz de provocar emoção alguma, com atores mal dirigidos e sem carisma, tendo ainda um roteiro péssimo, extremamente clichê, burocrático, e expositivo (são incontáveis os diálogos que são praticamente entrevistas: um perguntando e o outro respondendo com longos monólogos risíveis). Nota: 2/5

A Visita – M. Night Shyamalan: Está longe de ser um "Sexto Sentido", e na realidade é bem mediano, mas é também um respiro na carreira do Shyamalan, que vinha de quatro desastres completos e parecia um caso perdido. Nota: 3/5

Boa Noite, Mamãe – Severin Fiala e Veronika Franz: Terror psicológico de primeiríssima qualidade. 
Lembra bastante o estilo do Michael Haneke, mas jamais soa como cópia, e por mais que seja possível desvendar a revelação desde o início (ainda que eu, particularmente, não tenha percebido), isso não importa, já que isso acaba dando uma nova visão para o filme, mais voltada para os personagens. 
É interessante também como os diretores subvertem a expectativa do espectador, manipulando seus sentimentos em relação aos personagens (mais uma vez, lembrando bastante o Michael Haneke, especialmente em Caché), e deixando as cenas mais chocantes virem como consequência, e não como uma tentativa vaga de chocar. 
Enfim, filmaço, um dos melhores do ano para mim. Nota: 4/5
O Açougueiro – Claude Chabrol: Gostei bastante. O filme desenvolve seus personagens com carinho e exige uma participação ativa do espectador para desvendar suas motivações. Nota: 4/5

A Assassina – Hou Hsiao-hsien: As cenas de luta de espadas são ótimas, e o uso de locações é impecável, criando um visual arrebatador, recheado de cores saturadas e imagens inesquecíveis. Mas o filme não é muio mais do que isso, tendo uma história fraquíssima para contar, sem foco, com personagens rasos e uma sub trama política que só desvia atenção e deixa a narrativa ainda mais confusa. Isso sem contar o ritmo extremamente lento (proposital), que devido ao fato da trama ser desinteressante, acaba transformando a experiência em um exercício de paciência, e que passa a ser agoniante em sua meia hora final. Nota: 3/5

Bob, o Jogador – Jean-Pierre Melville: Ótimo filme. Achei interessante que o Roger Ebert tenha definido este como "o primeiro título da nouvelle vague francesa", pois de fato é possível perceber aqui muitas coisas que marcariam muito as produções feitas na década seguinte, desde os personagens "imperfeitos", até a abordagem mais estilizada que lembra um pouco a pegada dos filmes noir. Nota: 4/5

Tragam-me a Cabeça de Alfredo Garcia – Sam Peckinpah: É um filme que transborda estilo em uma narrativa única e extremamente bem conduzida. Não é tão legal quanto "Sob o Domínio do Medo" (do mesmo diretor), mas ainda assim vale bastante a pena. Nota: 4/5

Nenhum comentário:

Postar um comentário